A revista Veja desta última semana traz, como reportagem de capa, um levantamento sobre o modus operandi do Primeiro Comando da Capital, o PCC. Um dos "cinco pilares do crime", segundo a revista, seriam as "leis que atrapalham". Uma dessas leis realmente chama a atenção: em São Paulo, todos os presos, independentemente do regime a que estão submetidos, podem receber quatro visitas íntimas por mês. Encomendas externas e relações sexuais autorizadas são formas de administrar a tensão dos presídios que soam estranhas em outras culturas. É claro que soam estranhas em outras culturas. A bem da verdade, soam estranhas a quem quer que tenha um pouco de vergonha na cara.
A revista ainda cita o depoimento de Andy Barclay, do Centro Internacional para Estudos de Prisões, da Universidade de Londres, a respeito das medidas adotadas em sua cidade: O contato físico permitido é mínimo. Um abraço, um beijo, pegar na mão. Por que será que o brasileiro tem tanta dificuldade em simplesmente copiar medidas que, comprovadamente, dão certo? Não se trata de adaptá-las à realidade tupiniquim (não, não pedimos tanto); falamos apenas em copiar. Aprendemos desde bebês que a literatura brasileira até o realismo não é digna de nota pois não passa de um transplante da européia. Transplante coisa nenhuma. Se fosse mesmo um transplante, deveríamos ter ao menos versões aguadas de Goethe, Hölderlin, Coleridge ou, para nem mesmo sair do continente americano, Edgar Poe. Ah, se fosse tão fácil!
É claro que não tenho a minima intenção de sugerir que os prisioneiros fiquem à míngua. Não quero sugerir porque isso é óbvio demais para ser sugerido. Que se esbaldem, mas só depois de terem cumprido pena. E depois ainda se espantam quando os europeus (ou até mesmo norte-americanos) nos consideram exóticos e engraçadinhos, encarando-nos com um sorriso complacente, assim como quem contempla um chimpanzé. O brasileiro, por sua vez, ao testemunhar uma nova irrupção de violência nas ruas, deve chegar à conclusão de que os detentos estão muito estressados. Melhor aumentar a frequência das tais visitas íntimas. Nada mais justo: os presos também são brasileiros.
A revista ainda cita o depoimento de Andy Barclay, do Centro Internacional para Estudos de Prisões, da Universidade de Londres, a respeito das medidas adotadas em sua cidade: O contato físico permitido é mínimo. Um abraço, um beijo, pegar na mão. Por que será que o brasileiro tem tanta dificuldade em simplesmente copiar medidas que, comprovadamente, dão certo? Não se trata de adaptá-las à realidade tupiniquim (não, não pedimos tanto); falamos apenas em copiar. Aprendemos desde bebês que a literatura brasileira até o realismo não é digna de nota pois não passa de um transplante da européia. Transplante coisa nenhuma. Se fosse mesmo um transplante, deveríamos ter ao menos versões aguadas de Goethe, Hölderlin, Coleridge ou, para nem mesmo sair do continente americano, Edgar Poe. Ah, se fosse tão fácil!
É claro que não tenho a minima intenção de sugerir que os prisioneiros fiquem à míngua. Não quero sugerir porque isso é óbvio demais para ser sugerido. Que se esbaldem, mas só depois de terem cumprido pena. E depois ainda se espantam quando os europeus (ou até mesmo norte-americanos) nos consideram exóticos e engraçadinhos, encarando-nos com um sorriso complacente, assim como quem contempla um chimpanzé. O brasileiro, por sua vez, ao testemunhar uma nova irrupção de violência nas ruas, deve chegar à conclusão de que os detentos estão muito estressados. Melhor aumentar a frequência das tais visitas íntimas. Nada mais justo: os presos também são brasileiros.
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