03 julho, 2006

Mulheres Antigas





Já há quem diga (não fui eu!) que as feministas deram uma contribuição significativa para que o mundo piorasse. Sou forçado a concordar. Decorridos alguns fatídicos anos, o homem perdeu apenas o chapéu, a bengala e algumas boas maneiras, enquanto que a mulher abandonou, com uma agressividade exemplar, o que poderíamos chamar feminilidade. Nos dias que correm o termo feminilidade não significa coisa alguma, ou, antes, significa veadagem, um atributo amorfo e oscilante, desprovido de qualquer sentido fora do campo da pilhéria.

Essa situação já foi bem diferente. Digo isso sob a égide da autoridade de quem já viu um ou outro filme mais antigo. Exemplo: Joan Fontaine (terceira de cima pra baixo), no Rebecca de Hitchcock, não se constrange ao reservar para si algumas tarefas domicilares, nada obstante o exército de criados à disposição. Hoje isso seria encarado como sinal claro de submissão etc. e tal. Grace Kelly (última na mesma ordem), no Rear Window, também do Hitchcock, acha bastante natural cozinhar um jantar e levá-lo ao apartamento do noivo enfermo, que tampouco se espanta com a gentileza. Um folgado, diriam hoje. Explorando a coitada.

Não deixa de ser divertido observar a engenhosidade dos artifícios com que algumas poucas, nascidas na época errada, tentam mostrar que ainda são mulheres na acepção real, primeva e saudosa do termo. Todo cuidado é pouco: há toda sorte de patrulha feminista, politicamente correta etc. na espreita, esperando, sorrateiras, a primeira oportunidade para denunciar aos quatro ventos a insistência com que certas criaturas agem conforme sua própria natureza. Alas!, um dia elas desaparecerão.

As mulheres de hoje são muito independentes, dizem. Mas estão a perder a única liberdade que sempre tiveram: a de não ser independente.

P.S.: As outras duas são Anouk Aimée e Ingrid Bergman.