20 janeiro, 2006

Augusto Cury e a Inteligência Multifocal

A edição de 11 de janeiro desse ano da revista Veja traz um artigo engraçado sobre o psiquiatra Augusto Cury. Não que o autor do artigo seja necessariamente engraçado; acontece que se me afigura impossível escrever qualquer coisa sobre Augusto Cury sem descambar no hilariante. Cury se orgulha por não ler outros autores: acredita, assim, manter incólume a originalidade de suas "teorias". Se um dia chegar a ler José Guilherme Merquior, certamente reclamará (como já o fizeram) dos índices onomásticos excessivamente polpudos de seus livros.

Não posso deixar de citar uma das 'baboseiras' (segundo a revista) de Augusto Cury: "Até na matemática as teorias são limitadas. Até nas indiscutíveis operações há limitações, pois 1 mais 1 só é 2 se o primeiro 1 é, em todos os níveis microessenciais, exatamente igual ao segundo 1." Talvez ele devesse largar a psiquiatria (de certa maneira isso já foi feito, já que anda muito ocupado dando palestras Brasil afora) e se aprofundar um pouco mais na teoria da 'microessência' dos números, dado que a literatura matemática, até hoje, foi incapaz de fornecer muita informação a respeito.

Mais importante que esses lampejos repentinos de inspiração científica parece ser a chamada Inteligência Multifocal, teoria que nos ajudaria a entender o complicado funcionamento da mente humana. No momento em que a teoria foi mencionada no artigo, reconheci que Augusto Cury está tentando nos enganar: ele lê (ou pelo menos já leu a respeito) L. Ron Hubbard, o pai da Cientologia. Achei sinceramente que seu nome seria mencionado até o final do artigo, mas não foi. Não importa; a mera lembrança do olhar penetrante de Hubbard já tinha tomado conta de todo o meu ser.