O documentário Obsession - Radical Islam's War Against the West tem a inestimável vantagem de contar com algumas figuras familiares (Daniel Pipes e Alan Dershowitz dentre elas), o que nos desobriga de confiar na opinião de alguns ilustres desconhecidos. A maior parte do documentário é dedicada à apresentação da propaganda radical islâmica: programas e comerciais da TV palestina, trechos de livros didáticos adotados por lá, discursos de líderes políticos e etc. Outra vantagem é que esse tipo de comportamento é colocado em sua devida perspectiva; ninguém ignora que os radicais estão em minoria. Daniel Pipes estima que entre 10 e 15% da comunidade islâmica seria simpática à idéia de jihad. Nada obstante, e essa é a impressão que se tem depois de algumas poucas imagens, a destruição que esses 15% podem perpetrar é bem considerável. Não só pelo contingente numérico (15% é uma sigla nada desprezível), mas pela obstinação com que essa minoria se entrega a devaneios antiamericanos, anti-semitas e antiocidentais em geral.
A desproporcionalidade do 'conflito' é aberrante. De um lado temos uma multidão de desvairados que gostariam de ver Bush, Blair e tutti quanti empalados e judeus queimando no inferno. Do outro vemos uma massa amorfa que nem sequer sabe direito por que é tão odiada e que se move cautelosamente para não ofender os outros. Eu mesmo, quando estive nos EUA, tive de responder a essa pergunta mais de uma vez: "Por que somos tão odiados?" Os antiamericanos do nosso lado responderiam com um simples "hipocrisia", mas os de lá nem sentem a necessidade de justificações tão 'racionais': diriam logo que os americanos são contrários à fé islâmica e que pecam só por existirem. Chegamos à estranha situação em que um mesmo fenômeno tem como causa duas coisas completamente diferentes.
Como dito acima, a ênfase é na propaganda. O documentário mostra as semelhanças entre a propaganda radical islâmica e a nazista: nada de muito novo aqui. Resta saber por que uma postura tão extremada não consegue, ou só consegue quando compilada num vídeo de 70 minutos, chamar nossa atenção. Numa das passagens mais interessantes do documentário, um doidivanas é filmado enquanto queima, aos berros, uma bandeira norte-americana. Enquanto pisoteia a bandeira, diz algo do tipo: "One of the loopholes in their constitution is that we're allowed to speak, so let us speak." Ou seja: eles estão perfeitamente cientes de que é um aspecto intrínseco à civilização ocidental que os permite prosseguir com o radicalismo. Eles não estão contanto, pelo menos não exclusivamente, com nossa burrice ou com nosso descaso; estão contando com nossa tolerância, uma tolerância que eles sabem não ter e que fazem questão de não ter, sob pena de se tornarem tão vulneráveis quanto nós.
Não deixa de mostrar certa superioridade moral o fato de uma civilização forjar os meios de sua própria destruição, mas convém não partir para o suicídio puro e simples. A tranquilidade bonachona com que repelimos qualquer perspectiva desagradável (algo a que o documentário se refere como the culture of denial) não é, muitas vezes, mais que as boas vindas a um suicídio longo e penoso. Em dado momento Tony Blair é mostrado dizendo algo do tipo: "Our will to uphold the values that are most sacred to us is stronger than their will to kill and to destroy." Espera-se que sim.
A desproporcionalidade do 'conflito' é aberrante. De um lado temos uma multidão de desvairados que gostariam de ver Bush, Blair e tutti quanti empalados e judeus queimando no inferno. Do outro vemos uma massa amorfa que nem sequer sabe direito por que é tão odiada e que se move cautelosamente para não ofender os outros. Eu mesmo, quando estive nos EUA, tive de responder a essa pergunta mais de uma vez: "Por que somos tão odiados?" Os antiamericanos do nosso lado responderiam com um simples "hipocrisia", mas os de lá nem sentem a necessidade de justificações tão 'racionais': diriam logo que os americanos são contrários à fé islâmica e que pecam só por existirem. Chegamos à estranha situação em que um mesmo fenômeno tem como causa duas coisas completamente diferentes.
Como dito acima, a ênfase é na propaganda. O documentário mostra as semelhanças entre a propaganda radical islâmica e a nazista: nada de muito novo aqui. Resta saber por que uma postura tão extremada não consegue, ou só consegue quando compilada num vídeo de 70 minutos, chamar nossa atenção. Numa das passagens mais interessantes do documentário, um doidivanas é filmado enquanto queima, aos berros, uma bandeira norte-americana. Enquanto pisoteia a bandeira, diz algo do tipo: "One of the loopholes in their constitution is that we're allowed to speak, so let us speak." Ou seja: eles estão perfeitamente cientes de que é um aspecto intrínseco à civilização ocidental que os permite prosseguir com o radicalismo. Eles não estão contanto, pelo menos não exclusivamente, com nossa burrice ou com nosso descaso; estão contando com nossa tolerância, uma tolerância que eles sabem não ter e que fazem questão de não ter, sob pena de se tornarem tão vulneráveis quanto nós.
Não deixa de mostrar certa superioridade moral o fato de uma civilização forjar os meios de sua própria destruição, mas convém não partir para o suicídio puro e simples. A tranquilidade bonachona com que repelimos qualquer perspectiva desagradável (algo a que o documentário se refere como the culture of denial) não é, muitas vezes, mais que as boas vindas a um suicídio longo e penoso. Em dado momento Tony Blair é mostrado dizendo algo do tipo: "Our will to uphold the values that are most sacred to us is stronger than their will to kill and to destroy." Espera-se que sim.
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