Pegando o embalo do post anterior, achei que seria boa idéia dar um exemplo de uma personalidade tipicamente silenciosa. John Calvin Coolidge (1872-1933) foi o trigésimo presidente dos EUA (1923-29) e até hoje é visto com maus olhos pela historiografia oficial americana. Apesar de a jazz age ter sido um período de progresso vertiginoso para os americanos (os anos 50 é a única outra época que consegue competir em termos de entusiasmo), até recentemente muitos viam a frieza de Coolidge - e seu laissez-faire - como responsável pela crise de 29. Como se sabe, a realidade é bem mais complicada, e já há quem argumente que o intervencionismo de seus sucessores (Hoover e Roosevelt) prolongou uma crise que, como a de 1920, poderia ter desaparecido em um ano.
Pode-se dizer tranquilamente que Coolidge foi o presidente mais consistente na história dos EUA: ao deixar o cargo, avaliou que Perhaps one of the most important accomplishments of my administration has been minding my own business. Realmente, o discurso de Coolidge parece ter sido o último suspiro genuinamente laissez-faire na história da humanidade: um suspiro, diga-se, que às vezes dá a impressão de ser gostosamente preguiçoso, mas que é consequência de uma 'filosofia' muito bem pensada e definida. A verdade é que, como Eisenhower algumas décadas mais tarde, Coolidge gostava de dar a impressão de que era pouco sofisticado ou até ingênuo.
Detestava comprar a crédito. Aprendeu na loja do pai que quem não tem dinheiro (vivo) não deveria se meter a fazer compras. Quando os termos do tratado de Versailles forçaram a Alemanha a quitar suas dívidas com a Inglaterra, que por sua vez devia aos EUA, que por sua vez emprestaram aos alemães para que eles tivessem condições de pagar os ingleses (num processo cíclico que ficou mundialmente famoso pela sua inutilidade), Coolidge justificou a pressa com um lacônico They hired the money, didn't they?
Ficou nacionalmente conhecido em 1919 ao esmagar a greve da polícia de Boston: There is no right to strike against the public safety by anybody, anywhere, anytime. Alguns anos mais tarde foi eleito presidente com os slogans Law and Order, Keep Cool with Coolidge, Coolidge or Chaos e The chief business of the american people is business. Não chega a surpreender que seu apelido (de que gostava muito) tenha sido Silent Cal. Na campanha de 1924, notou: I don't recall any candidate for president that ever injured himself very much by not talking. Também é conhecido por observar que The things I never say never get me into trouble. Em sua autobiografia, confessou que a regra que segue com mais veemência consists in never doing anything that someone else can do for you.
Em agosto de 1927, Coolidge chamou 30 jornalistas para a Casa Branca e, depois de avisar que The line forms on the left, entregou para cada um deles um pequeno papel em que se lia I do not choose to run for president in 1928. Essa decisão não deixa de ser estranha: a essa altura, Coolidge ainda era querido por todos. A verdade é que ele sabia, como qualquer outra pessoa suficientemente informada à época, que o progresso não poderia continuar para sempre. Cal says there's a depression coming, nas palavras de Grace, sua esposa. O próprio Coolidge complementa: I know how to save money. All my training has been in that direction. The country is in a sound financial condition. Perhaps the time has come when we ought to spend money. I do not feel I am qualified to do that.
Limitado? Pode até ser. Mas muitas das lições de Coolidge ainda merecem ser repetidas:
Pode-se dizer tranquilamente que Coolidge foi o presidente mais consistente na história dos EUA: ao deixar o cargo, avaliou que Perhaps one of the most important accomplishments of my administration has been minding my own business. Realmente, o discurso de Coolidge parece ter sido o último suspiro genuinamente laissez-faire na história da humanidade: um suspiro, diga-se, que às vezes dá a impressão de ser gostosamente preguiçoso, mas que é consequência de uma 'filosofia' muito bem pensada e definida. A verdade é que, como Eisenhower algumas décadas mais tarde, Coolidge gostava de dar a impressão de que era pouco sofisticado ou até ingênuo.
Detestava comprar a crédito. Aprendeu na loja do pai que quem não tem dinheiro (vivo) não deveria se meter a fazer compras. Quando os termos do tratado de Versailles forçaram a Alemanha a quitar suas dívidas com a Inglaterra, que por sua vez devia aos EUA, que por sua vez emprestaram aos alemães para que eles tivessem condições de pagar os ingleses (num processo cíclico que ficou mundialmente famoso pela sua inutilidade), Coolidge justificou a pressa com um lacônico They hired the money, didn't they?
Ficou nacionalmente conhecido em 1919 ao esmagar a greve da polícia de Boston: There is no right to strike against the public safety by anybody, anywhere, anytime. Alguns anos mais tarde foi eleito presidente com os slogans Law and Order, Keep Cool with Coolidge, Coolidge or Chaos e The chief business of the american people is business. Não chega a surpreender que seu apelido (de que gostava muito) tenha sido Silent Cal. Na campanha de 1924, notou: I don't recall any candidate for president that ever injured himself very much by not talking. Também é conhecido por observar que The things I never say never get me into trouble. Em sua autobiografia, confessou que a regra que segue com mais veemência consists in never doing anything that someone else can do for you.
Em agosto de 1927, Coolidge chamou 30 jornalistas para a Casa Branca e, depois de avisar que The line forms on the left, entregou para cada um deles um pequeno papel em que se lia I do not choose to run for president in 1928. Essa decisão não deixa de ser estranha: a essa altura, Coolidge ainda era querido por todos. A verdade é que ele sabia, como qualquer outra pessoa suficientemente informada à época, que o progresso não poderia continuar para sempre. Cal says there's a depression coming, nas palavras de Grace, sua esposa. O próprio Coolidge complementa: I know how to save money. All my training has been in that direction. The country is in a sound financial condition. Perhaps the time has come when we ought to spend money. I do not feel I am qualified to do that.
Limitado? Pode até ser. Mas muitas das lições de Coolidge ainda merecem ser repetidas:
Government cannot relieve from toil. The normal must take care of themselves. Self-government means self-support... Ultimately, property rights and personal rights are the same thing... The prime element in the value of all property is the knowledge that its peaceful enjoyment will be publicly defended. Without this legal and public defence the value of your tall buildings would shrink to the price of the waterfront of old Carthage or corner-lots in ancient Babylon... History reveals no civilized people among whom there was not a highly educated class and large aggregations of wealth. Large profits means large payrolls. Inspiration has always come from above.
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