Quem já teve a oportunidade de conhecer um adolescente fascinado por Olavo de Carvalho sabe como o 'olavete' típico pode ser bem chato. A fascinação é justificável (até certa idade, claro): o Olavo representaria aquele guru que expõe e desmistifica a burrice reinante no meio acadêmico, nas conversas com amigos e na cultura, principalmente a nacional, em geral. O sentimento de minoria é particularmente atraente; forma-se um grupo seleto que, por esforço próprio e contra a corrente, consegue enxergar mais longe que a média.
Esse sentimento (a princípio saudável) de pertencer a um pequeno grupo, aliado a uma propensão ao exagero e a uma confiança excessiva em esqueminhas preestabelecidos, degenera no que se conhece por aí pelo apelido carinhoso de olavete. Por incrível que pareça, o próprio Olavo é muito mais modesto e agradável que seus sequazes mais entusiasmados. Se os olavetes servem para alguma coisa, é para pintar o retrato de um possível Olavo de daqui a vinte anos: intransigente e gagá. O verdadeiro olavete se debate com a senilidade antes dos 20 anos.
Mas o olavete é só isso: um deslumbrado. Já o antiolavete convicto, numa escalada que faz jus ao prefixo anti-, chega a níveis estarrecedores de incapacitação mental. A primeira e principal característica do antiolavete é padecer do mesmo mal que tanto denuncia: com uma obsessão que espantaria o próprio Olavo, ele enxerga olavetes em qualquer buraco. Reinaldo Azevedo, Friedrich Hayek, Milton Friedman (aquele que implantou a ditadura no Chile!) e Russell Kirk, ninguém escapa. O antiolavismo é o avesso do avesso, a caricatura da caricatura: o futuro do antiolavismo é o olavismo.
Há uns tempos escrevi sobre piadas mal contadas e metáforas mal escritas: é sempre constrangedor. Quanto maior a pretensão, maior o constrangimento. O antiolavete se supõe o contrapeso ideal à 'insânia' olaviana; enxergando olavetes em qualquer árvore ele pretende, com sua sensatez inesgotável, colocar o mundo de volta em sua devida órbita. Ele é moderno, descolado: está a anos-luz à frente dos moralismos de um Reinaldo Azevedo; não se deixa enganar pela crença tresloucada de Hayek no livre mercado; não admite debate com economistas golpistas e autoritários como Friedman e não vê diferenças entre Kirk e um fascista. Refutar o Olavo? Para quê? A burrice do Olavão é arquievidente; só nos resta rir. É sempre desagradável ter de sentir vergonha pelos outros. Os antiolavetes têm um grande débito de vergonha.
Quem mais sofre com isso tudo é a Igreja, ou melhor, qualquer forma de religião institucionalizada. Infelizmente para ela, o Olavo já a defendeu com veemência em vários textos e, como sabemos, isso já é motivo para que as antiolavetes se assanhem. Mas esse é um problema ainda mais grave. Fica para o próximo post.
Esse sentimento (a princípio saudável) de pertencer a um pequeno grupo, aliado a uma propensão ao exagero e a uma confiança excessiva em esqueminhas preestabelecidos, degenera no que se conhece por aí pelo apelido carinhoso de olavete. Por incrível que pareça, o próprio Olavo é muito mais modesto e agradável que seus sequazes mais entusiasmados. Se os olavetes servem para alguma coisa, é para pintar o retrato de um possível Olavo de daqui a vinte anos: intransigente e gagá. O verdadeiro olavete se debate com a senilidade antes dos 20 anos.
Mas o olavete é só isso: um deslumbrado. Já o antiolavete convicto, numa escalada que faz jus ao prefixo anti-, chega a níveis estarrecedores de incapacitação mental. A primeira e principal característica do antiolavete é padecer do mesmo mal que tanto denuncia: com uma obsessão que espantaria o próprio Olavo, ele enxerga olavetes em qualquer buraco. Reinaldo Azevedo, Friedrich Hayek, Milton Friedman (aquele que implantou a ditadura no Chile!) e Russell Kirk, ninguém escapa. O antiolavismo é o avesso do avesso, a caricatura da caricatura: o futuro do antiolavismo é o olavismo.
Há uns tempos escrevi sobre piadas mal contadas e metáforas mal escritas: é sempre constrangedor. Quanto maior a pretensão, maior o constrangimento. O antiolavete se supõe o contrapeso ideal à 'insânia' olaviana; enxergando olavetes em qualquer árvore ele pretende, com sua sensatez inesgotável, colocar o mundo de volta em sua devida órbita. Ele é moderno, descolado: está a anos-luz à frente dos moralismos de um Reinaldo Azevedo; não se deixa enganar pela crença tresloucada de Hayek no livre mercado; não admite debate com economistas golpistas e autoritários como Friedman e não vê diferenças entre Kirk e um fascista. Refutar o Olavo? Para quê? A burrice do Olavão é arquievidente; só nos resta rir. É sempre desagradável ter de sentir vergonha pelos outros. Os antiolavetes têm um grande débito de vergonha.
Quem mais sofre com isso tudo é a Igreja, ou melhor, qualquer forma de religião institucionalizada. Infelizmente para ela, o Olavo já a defendeu com veemência em vários textos e, como sabemos, isso já é motivo para que as antiolavetes se assanhem. Mas esse é um problema ainda mais grave. Fica para o próximo post.
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