Olhando pela milésima vez o álbum de fotos de meus avós, chego à conclusão de que as pessoas eram mais felizes naqueles tempos. Se não sentiam necessidade de sorrir para a câmera é porque eram mais felizes. Reparem no exemplo abaixo, uma fotografia de 1922, em que minha bisavó (esquerda) traz um tio-avô meu no colo:
Até mesmo as crianças, cientes de que se trata de um registro para a posteridade, preferem manter um ar sombrio e austero. Devem saber que o sorriso, afinal de contas, é um estado facial anômalo: um sem-número de músculos e porções de pele se rexendo e contorcendo para chegar a um estágio final caótico e instável. Quem já observou um número razoável de fotos dessa época sabe que o padrão se repete inclusive em ocasiões festivas. Abaixo temos um outro exemplo, alguns anos mais recente, de um casamento realizado em Messejana, cidade natal do José de Alencar. Minha avó está sentada, à direita.
Reparem que nem mesmo o sujeito erguendo o chapéu sente a necessidade de sorrir. Bons tempos esses em que o império da felicidade compulsória ainda não tinha invadido nossas fotografias.
Até mesmo as crianças, cientes de que se trata de um registro para a posteridade, preferem manter um ar sombrio e austero. Devem saber que o sorriso, afinal de contas, é um estado facial anômalo: um sem-número de músculos e porções de pele se rexendo e contorcendo para chegar a um estágio final caótico e instável. Quem já observou um número razoável de fotos dessa época sabe que o padrão se repete inclusive em ocasiões festivas. Abaixo temos um outro exemplo, alguns anos mais recente, de um casamento realizado em Messejana, cidade natal do José de Alencar. Minha avó está sentada, à direita.
Reparem que nem mesmo o sujeito erguendo o chapéu sente a necessidade de sorrir. Bons tempos esses em que o império da felicidade compulsória ainda não tinha invadido nossas fotografias.
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