Quem já leu Turma da Mônica lembrará as várias ocasiões em que Cascão & colegas, jogando futebol, quebraram a vidraça de alguém. Lembrarão também um particular que hoje se nos afigura chocante: ficavam todos aterrorizados com a espera de um castigo que certamente viria. A Turma da Mônica é o último baluarte da moralidade no Brasil: os culpados costumam ser punidos. Quando o Franjinha bola um plano mirabolante para conquistar a Marina, invariavelmente é descoberto. Quando o Cebolinha leva adiante algum plano infalível para derrotar a Mônica, inevitavelmente apanha. Lá tudo funciona. É a Elfland de Chesterton em quadrinhos.
Já o brasileiro comum teve sua capacidade de sentir medo ou indignação embotada. Quebram nossas vidraças, entram sem pedir licença para pegar a bola de volta e nem nos ocorre pedir alguma explicação. Se me pedissem para divisar um critério que, sozinho, fosse capaz de medir o nível de civilização de um país, seria esse: a inclinação que o cidadão médio tem para pedir licença. Quem não pede licença confessa um desdém inveterado pela propriedade privada. É por isso que o americano pede licença sempre que invade uma área contida num raio de 2 metros de distância de qualquer pessoa.
As exigências de ordem moral do brasileiro foram de tal maneira mitigadas que já se pode falar num estado de letargia permanente. O brasileiro, nada obstante a energia e a vivacidade aparentes, é um sonâmbulo, é um "homem cordial" sem educação. Pouco importa que o mundo desabe ao seu lado; o sonâmbulo desperta da modorra por alguns instantes apenas para murmurar algumas reclamações ininteligíveis e voltar ao confortável sono dos que não se importam.
Já o brasileiro comum teve sua capacidade de sentir medo ou indignação embotada. Quebram nossas vidraças, entram sem pedir licença para pegar a bola de volta e nem nos ocorre pedir alguma explicação. Se me pedissem para divisar um critério que, sozinho, fosse capaz de medir o nível de civilização de um país, seria esse: a inclinação que o cidadão médio tem para pedir licença. Quem não pede licença confessa um desdém inveterado pela propriedade privada. É por isso que o americano pede licença sempre que invade uma área contida num raio de 2 metros de distância de qualquer pessoa.
As exigências de ordem moral do brasileiro foram de tal maneira mitigadas que já se pode falar num estado de letargia permanente. O brasileiro, nada obstante a energia e a vivacidade aparentes, é um sonâmbulo, é um "homem cordial" sem educação. Pouco importa que o mundo desabe ao seu lado; o sonâmbulo desperta da modorra por alguns instantes apenas para murmurar algumas reclamações ininteligíveis e voltar ao confortável sono dos que não se importam.
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