O Jesus Cristo histórico, que completa hoje 2007 anos, deve, idealmente, ceder um pouco de espaço ao Jesus Cristo que nasce, mais uma vez, hoje mesmo (natal, do latim natális, que significa nascer, ser posto no mundo). O fato de o tempo 'divino' poder, sem perda de coerência, retroceder séculos e séculos a cada ano deveria incitar o homem a, também ele, voltar no tempo e tentar entender o que significava então (e o que significa hoje) a novidade cristã. Bem entendido, a tarefa de hoje é bem mais fácil: não precisamos mais superar o choque da novidade. Muito pelo contrário, o que era radicalmente novo é hoje lugar-comum, a ponto de ser muito indevidamente confundido com o que há de mais trivial em nossas vidas.
Pelo menos essa dificuldade, então, é nova: os incrédulos se convertem (ou melhor, já nascem convertidos) sem reconhecer a própria conversão. Um povo de memória curta deve necessariamente ser ingrato. Se é mesmo verdade que, como dizia Nietzsche, esse perfeito anticristão, o homem superior é aquele de mais longa memória, devemos resgatar a noção socrática de anamnese: lembrar para conhecer. Lembrar, claro está, o que houve nessa e em outras vidas. Feliz Natal.
Pelo menos essa dificuldade, então, é nova: os incrédulos se convertem (ou melhor, já nascem convertidos) sem reconhecer a própria conversão. Um povo de memória curta deve necessariamente ser ingrato. Se é mesmo verdade que, como dizia Nietzsche, esse perfeito anticristão, o homem superior é aquele de mais longa memória, devemos resgatar a noção socrática de anamnese: lembrar para conhecer. Lembrar, claro está, o que houve nessa e em outras vidas. Feliz Natal.
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