17 agosto, 2008

Disk Sto. Agostinho

Você está pensando em prestar um concorridíssimo exame de teologia na faculdade mais próxima (de que diabos estou falando?) ou simplesmente não quer passar vergonha perante aqueles que ainda se importam com o assunto? Disk Sto. Agostinho.

Escalopilda dos Santos, de Teresina, Piauí, quer saber se Deus também tem braços e pernas, um nariz e dois olhos etc., já que leu em sua Bíblia (aquela edição para 'estudos femininos' (?)) que o homem foi criado à imagem de Deus. Sto. Agostinho responde:
Não sabia que Deus é espírito e que não possui membros com medidas de comprimento e largura; nem é matéria, porque a matéria é menor em sua parte que no seu todo. Ainda que a matéria fosse infinita, seria menor em alguma de suas partes, limitada por certo espaço, do que na sua infinitude; nem se concentra inteira em qualquer parte, como o espírito, como Deus. Ignorava totalmente que princípio havia em nós, segundo o qual existimos, e por que se diz na Sagrada Escritura que fomos feitos à imagem de Deus.
Romerito José, de Orós, Ceará, ouviu dizer que o último papa se desculpou por não sei que atitude de um papa antigo e quer saber como isso pode, já que aprendeu da avó que a justiça divina é imutável e eterna. Sto. Agostinho responde:
Assim fazem aqueles que se irritam ao ouvir dizer que noutros tempos se permitia aos justos o que agora lhes é vedado, e que Deus deu ordens diversas segundo as circunstâncias de tempo, estando todos sujeitos à mesma justiça. Esses tais não vêem como, no mesmo dia, na mesma casa, o que convém a um membro não convém a outro, o que há pouco era permitido já não é agora; certos atos que eram lícitos e até prescritos aqui, agora são lá proibidos e punidos. Por acaso a justiça é desigual e mutável? Não, os tempos que ela preside não caminham da mesma forma, e justamente por isso se denominam tempos. Os homens -- cuja vida terrana é breve -- são incapazes de harmonizar as razões válidas em séculos passados e de outros povos, que escapam à sua experiência, com os dados que a própria experiência lhes fornece. Eu não conhecia, não percebia todas essas coisas.
Regina Casé, repórter da Globo e especialista em favelas, quer saber de onde vem o mal. Segundo Regina, os moradores da periferia são particularmente virtuosos e criativos, de maneira que os crimes da região representam para ela um grande enigma. Sto. Agostinho responde:
Vi claramente que as coisas corruptíveis são boas. Não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, ou se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas, não seriam corruptíveis. E se não fossem boas, nada haveria o que corromper. A corrupção de fato é um mal, porém não seria nociva se não diminuísse um bem real. Portanto, ou a corrupção não é um mal, o que é impossível, ou -- e isto é certo -- tudo aquilo que se corrompe sofre uma diminuição de bem. Mas privadas de todo bem, deixariam inteiramente de existir. Mas haverá maior absurdo do que afirmar que as coisas se tornariam melhores perdendo todo o bem? Portanto, se são privadas de todo o bem, deixarão totalmente de existir. Logo, enquanto existem, são boas. E aquele mal, cuja origem eu procurava, não é uma substância. Porque, se fosse, seria um bem.
Disk Sto. Agostinho.