É, eu sei que estou bem um mês atrasado. Na verdade eu nem pretendia comentar o assunto não fosse uma série de pequenas coincidências. Por ocasião do fim do Wunderblogs, resolvi conhecer alguns dos blogs de lá, já que só conhecia o do Alexandre. Visitei primeiro o do FDR, talvez na esperança inconsciente de ver o Delano sendo malhado publicamente. Não encontrei nada do tipo, mas tem muita coisa interessante por lá. Esse post, porém, chamou minha atenção por afirmar que Reinaldão Azevedo acha que quem defende a legalização das drogas devia ser preso. Depois fui conhecer o blog do Filthy McNasty, de que também gostei, e que também traz um post sobre o assunto: esse aqui. McNasty está de acordo com FDR e ainda comenta a respeito da idéia de uma lei contra a apologia ao crime.
Fui atrás de ler os posts do Reinaldo Azevedo quase certo de que ele tinha exagerado mesmo (já tive a mesma impressão em outras ocasiões). Não vi exagero nenhum. O Azevedo não acha que quem defende a legalização das drogas deve ser preso; ele acha que quem vai às ruas incentivando o consumo de drogas deve ser preso. Eu também acho, e parece que a maioria das famílias brasileiras acha o mesmo. Tanto FDR quanto McNasty vêem nisso cerceamento da liberdade de expressão, mas quem disse que a liberdade de expressão não deve ser regulada? O sujeito que entra na C&A pelado pra protestar contra os altos preços das roupas deve ser tolerado? O maconheiro que passa na minha rua cantando as maravilhas da maconha deve ser tolerado? No meu entender, não.
Espero que isso não pareça um simples jogo de palavras: ser a favor da legalização das drogas é diferente de participar de uma passeata. Escrever um artigo expondo dados favoráveis à legalização (assim como fizeram Milton Friedman e inúmeros outros) é diferente de empunhar cartazes melodramáticos. Convenhamos, o ônus da prova está do lado de lá da cerca legal. Ninguém mais que os defensores da legalização tem o dever de informar com cuidado a população. No site da Marcha da Maconha, porém, não consigo encontrar uma única nota sobre os danos que a erva pode causar à saúde de quem fuma. Quando confrontam números, é de maneira leviana (no ritmo do post passado, fico sem saber se se trata de burrice ou de má-fé): por exemplo, ao lembrar que o álcool ou o tabaco matam mais que a maconha ou a cocaína. Ora, se o status legal de uma substância é tão irrelevante a ponto de não influir sobre o número de consumidores (é essa a resposta que recebemos ao lembrar que o tabaco mata mais porque é mais consumido), por que organizar uma passeata pela legalização?
McNasty declara finalmente que a lei [contra a apologia ao crime] essencialmente cerceia o direito de o cidadão dizer o que pensa. Na verdade ela cerceia o direito de o cidadão dizer o que pensa da maneira que ele bem entender. Não sei de onde surgiu essa idéia maluca segundo a qual a liberdade de expressão deve sobrepujar todo o resto. Isso corresponde a dizer que idéias, ou a maneira com que são apresentadas, não têm consequências, ou, se têm, devem ser desprezadas frente aos caprichos do opinador. Até os liberais mais exaltados estavam cientes do equilíbrio precário entre a liberdade individual e a ordem coletiva. Como diria Richard Weaver, ideas have consequences, e as consequências no caso da legalização das drogas estão longe de ser desprezíveis.
Fui atrás de ler os posts do Reinaldo Azevedo quase certo de que ele tinha exagerado mesmo (já tive a mesma impressão em outras ocasiões). Não vi exagero nenhum. O Azevedo não acha que quem defende a legalização das drogas deve ser preso; ele acha que quem vai às ruas incentivando o consumo de drogas deve ser preso. Eu também acho, e parece que a maioria das famílias brasileiras acha o mesmo. Tanto FDR quanto McNasty vêem nisso cerceamento da liberdade de expressão, mas quem disse que a liberdade de expressão não deve ser regulada? O sujeito que entra na C&A pelado pra protestar contra os altos preços das roupas deve ser tolerado? O maconheiro que passa na minha rua cantando as maravilhas da maconha deve ser tolerado? No meu entender, não.
Espero que isso não pareça um simples jogo de palavras: ser a favor da legalização das drogas é diferente de participar de uma passeata. Escrever um artigo expondo dados favoráveis à legalização (assim como fizeram Milton Friedman e inúmeros outros) é diferente de empunhar cartazes melodramáticos. Convenhamos, o ônus da prova está do lado de lá da cerca legal. Ninguém mais que os defensores da legalização tem o dever de informar com cuidado a população. No site da Marcha da Maconha, porém, não consigo encontrar uma única nota sobre os danos que a erva pode causar à saúde de quem fuma. Quando confrontam números, é de maneira leviana (no ritmo do post passado, fico sem saber se se trata de burrice ou de má-fé): por exemplo, ao lembrar que o álcool ou o tabaco matam mais que a maconha ou a cocaína. Ora, se o status legal de uma substância é tão irrelevante a ponto de não influir sobre o número de consumidores (é essa a resposta que recebemos ao lembrar que o tabaco mata mais porque é mais consumido), por que organizar uma passeata pela legalização?
McNasty declara finalmente que a lei [contra a apologia ao crime] essencialmente cerceia o direito de o cidadão dizer o que pensa. Na verdade ela cerceia o direito de o cidadão dizer o que pensa da maneira que ele bem entender. Não sei de onde surgiu essa idéia maluca segundo a qual a liberdade de expressão deve sobrepujar todo o resto. Isso corresponde a dizer que idéias, ou a maneira com que são apresentadas, não têm consequências, ou, se têm, devem ser desprezadas frente aos caprichos do opinador. Até os liberais mais exaltados estavam cientes do equilíbrio precário entre a liberdade individual e a ordem coletiva. Como diria Richard Weaver, ideas have consequences, e as consequências no caso da legalização das drogas estão longe de ser desprezíveis.
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