14 abril, 2007

Meira Penna Sobre Spengler

O indignação de Meira Penna, nesse trecho, chega a ser engraçada, mas o trecho da salada russa parece bem justo:
Assim também nos surpreende que a mesma terra terra de Leibniz, Kant, Humboldt, Schopenhauer, Husserl e Wittgenstein haja gerado um pensador tão temerariamente extravagante quanto Spengler. Que falta de bom senso! E, simultaneamente, que espantosa pretensão! Poder-se-ia dizer o mesmo de Hegel e de todos os filósofos do idealismo romântico. Faltam-lhes senso comum, senso de equilíbrio, senso crítico. Faltam-lhes a clareza e a lógica cartesiana. Parece-nos que as aberrações da política na primeira metade do século [20] correspondem às aberrações do intelecto no período anterior. Não sabemos se o prazer desses cavalheiros era simplesmente escandalizar-nos, embasbacar-nos com o destempero de suas teorias (pour épater le bourgeois!) ou se verdadeiramente nelas acreditavam! Trata-se de uma surpreendente salada russa de intuições profundas e revoltantes extravagâncias. Como em Wagner: acordes de uma sublime melodia que nos transportam para além da realidade, num mundo supraterreno de pura e beatífica sonoridade - e, de repente, o estardalhaço de trombetas de uma banda do corpo de bombeiros de espantosa vulgaridade.